Paisagem e memória
Reencontro e Futuro
“Deram-nos memória para ter rosas no Inverno. “
A profunda alteração que a Praia da Claridade conheceu nos últimos quarenta anos trouxe uma alteração significativa à Figueira da Foz. A cidade viu afastarem-se alguns dos seus apaixonados ao mesmo tempo que o mar também recuava. A praia da Figueira da Foz tornou-se numa “sobra urbana”, um vazio difícil de ultrapassar. A cintura de areia comprimiu a cidade aprisionando-a nas suas memórias.
A proposta apresentada constrói futuro, tirando partido do extenso território oferecido pelo vento e o mar usando-o para reactivar o prestígio e o entusiasmo da cidade através de um extenso Parque Atlântico preparado para receber arte, cultura, desporto e lazer. Este grande equipamento colectivo, de mais de dois quilómetros, reequilibrará a relação da cidade com o mar e será um permanente convite para habitantes e visitantes a terem “rosas o ano inteiro”.
Introdução
O espaço de intervenção previsto para o concurso é essencialmente um território da natureza, uma fronteira entre a cidade e o mar. Por isso a forma de o organizar deve ser a mais livre e a menos condicionada. É um lugar limite, um espaço de reencontro da cidade com o espaço não construído, não material. Pode ser, por isso, um espaço miscigenado, múltiplo, polivalente. Como conseguir isso tudo, desenhando “paisagem natural”? E, simultaneamente, obter um espaço apetecível e acolhedor que consiga proteger a marginal dos ventos dominantes?
“Paraíso” etimologicamente vem do persa, de “pairi daeza”, que significa “lugar protegido”.
Critérios
DESENHO URBANO
Natureza, Proximidade e Energia
O projecto para a Praia e Frente de Mar da Figueira da Foz e Buarcos resume-se a um conceito bastante conciso que se materializa em quatro gestos:
- a criação de um sistema dunar que permita a fixação de espécies vegetais e animais com vista ao aparecimento de um parque urbano de frente de mar, designado Parque Atlântico; definindo um criação de um filtro verde que permita a criação de um espaço de transição e protecção entre o espaço urbano e o espaço de praia.
- definição de um novo sistema acessos pedonais e automóveis à praia que permitam simultaneamente a descompressão da avenida e permitam a identificação distintiva de cada zona; Complementarmente a este sistema viário marginal, redesenham-se os momentos de entrada na Avenida Marginal: em Buarcos e junto do Forte de Santa Catarina. Por último propõe-se um substancial reforço da oferta de estacionamento, pela criação de um parque semi-subterrâneo no troço sul da avenida e mais lugares na nova “Marginal Mar”.
- introdução de um conjunto de valências de recreio ao longo do novo Parque Atlântico, que funcionem como aglutinadores da população e desencadeadores de procura por parte de visitantes.
- utilização de sistemas construtivos e energéticos que garantam simultaneamente a produção e a conservação da energia. Todos os equipamentos e apoios de praia, bem como os passadiços e alguma zonas não construídas tirarão partido da energia solar e eólica, caracterizando este novo espaço da cidade como um “HUB” energético.
Organização do Programa
Procura-se de forma exigente que a organização distributiva do edificado responda às singularidades do local, perdendo presença à medida que se afasta do espaço urbano mais consolidado, ou se dirige para norte. Isto é que os elementos construídos diminuam a sua presença no tempo e no espaço, à medida que nos aproximamos da praia, ou de Buarcos, onde a expressão urbana é menor.
Desta forma estabelece-se a Sul da Área de Intervenção um conjunto de programas mais urbanos, que complementam a cidade consolidada, com a introdução de uma Piscina Atlântica e um espaço multifuncional, denominado de Anel d’Artes. Servindo estes dois equipamentos de maiores dimensões, a proposta apresenta um novo perfil da Avenida, com a duplicação da via e alargamento do passeio, pela construção de um Parque de Estacionamento semi-enterrado com capacidade para 445 automóveis.